Oficina de manejo de açaizais Nativos na Resex Terra-Grande Pracuúba fortalece conhecimentos técnicos em boas práticas de manejo

Oficina de manejo de açaizais Nativos na Resex Terra-Grande Pracuúba fortalece conhecimentos técnicos em boas práticas de manejo

O curso de capacitação em Manejo de Açaizais Nativos realizado pelo Institut o Floresta Tropical (IFT) em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), na Reserva Extrativista (Resex) Terra-Grande Pracuúba, reuniu 138 produtores agroextrativistas. As atividades ocorreram nas comunidades Timbotuba, no rio Canaticu, e Boa fé, no rio Mutuacá, ambos localizados no município de Curralinho, no Pará, e compõem agenda do projeto Florestas Comunitárias, desenvolvido com o apoio do Fundo Amazônia.

A Resex possui uma extensa área de palmeiras de açaí – Euterpe oleraceae – nativo em região de várzea, e o fruto é coletado tanto para subsistência das famílias quanto para comercialização, em polpa de fruta (na região conhecida como vinho de açaí) ou em rasas in natura. A primeira etapa da capacitação foi moderada pela equipe de instrutores da Embrapa, composta por Antônio Leite, pesquisador-doutor em manejo de açaizal nativo, Edilson Solano, especialista em meliponicultura, Cesar Andrade, responsável pelo programa Mochila dos Facilitadores, e Raimundo Nonato Guimarães Teixeira, pesquisador líder do projeto Bem Diverso, além de contar com o apoio técnico e de facilitação do IFT.

Moradores da Resex participam de atividade teórica.

A segunda etapa, na comunidade Boa Fé, foi conduzida pelos colaboradores do IFT César Pinheiro, técnico instrutor sênior, Manoel Vitorino, auxiliar técnico, Antônio Hélio, Identificador botânico, e pela técnica em agropecuária da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater-Pa), Bruna Paiva. “É importante destacar que houve alinhamento metodológico entre a equipe, para garantir os melhores resultados no compartilhamento de conhecimentos técnicos com a comunidade e para que houvesse acolhida dos conhecimentos tradicionais”, destaca César Pinheiro.

A oficina foi realizada em dois módulos: teórico e prático. A etapa teórica contou com a contextualização da dinâmica dos açaizais no arquipélago do Marajó. “Foi aborda a ecologia da espécie, diferença entre as 03 espécies de açaí ocorrente no Brasil, influência da maré para a nutrição dos açaizeiros e a valorização do fruto no comércio local, nacional e internacional”, explicou César. Outra temática que movimentou os participantes foi a meliponicultura: criação de abelhas sem ferrão. “As abelhas são as principais agentes de polinização dos açaizeiros, por isso foram mostradas fotos com as principais espécies de abelhas nativas da região do Marajó”, contou Edilson Solano, da Embrapa.

O módulo prático ocorreu em área de várzea localizada próxima às comunidades. Na ocasião, os participantes, divididos em grupo, delimitaram uma área equivalente à um quarto de hectare, em seguida essa mesma área foi subdividida em quatro quadrante de 25m x 25m. “A definição dos ângulos para a delimitação da área foi realizada através do teorema de Pitágoras, essa pratica é usada quando não há bússolas para o esquadrejamento da área. Após a delimitação cada equipe inventariou as parcelas”, detalha César.

Módulo prático em campo.

De acordo com o técnico instrutor sênior, em outro momento de prática de campo, as equipes processaram os dados do inventario, que consiste em realizar a contagem manual do número de touceiras (palmeiras), números de açaizeiros adultos, jovens e perfilho. Esses dados contribuem com a tomada de decisão para a interversão no açaizal. A intervenção visa desbastar as estirpes das touceiras de açaí que estejam com elevada altura, sem produção de fruto e as arvores que porventura estejam competindo por luz no açaizal, bem como pensar em estratégias de replantio de espécies que colaboram com a ciclagem de nutrientes e até mesmo transplante de touceiras para que essas fiquem melhor distribuídas.

Detalhamento

Segundo orientações da Embrapa, no manejo do açaí na região do Marajó é fundamental que numa área de 400 hectares exista 50 palmeiras de outras espécies e outras 200 arvores de espécies variadas. “Vale ressaltar que esse processamento é feito de forma manual por meio de uma ficha de campo adaptada para essa seleção”, informou César.

As capacitações buscam  identificar nas comunidades pessoas que possam ser agentes mutiplicadores do manejo de açaizal. A proposta do IFT e Embrapa é que os multiplicadores possam auxiliar tecnicamente os demais produtores e atuar como assistencia tecnica local. Da comunidade Boa Fé saiu o primeiro agente multiplicador  capacidatado pela atividade, o tecnico Deybson Conceição Aguiar.

Parceria

Os projetos desenvolvidos pelo IFT e Embrapa, respectivamente, tem como objetivo comum melhorar as técnicas de manejo dos açaizais nativos pelas populações extrativistas no território do Marajó, por meio da formação dos produtores e também de multiplicadores locais de boas práticas. É neste sentindo que as instituições se uniram para fortalecer as ações dos projetos, Bem Diverso, da Embrapa, e Florestas Comunitárias, do IFT.

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